Dia desses, recebi de um amigo, pelo WhatsApp, o texto seguinte:
"Diz uma parábola judaica que certo dia a mentira e a verdade se encontraram.
A mentira disse para a verdade:
- Bom dia, dona verdade.
E a verdade foi conferir se realmente era um bom dia. Olhou para o alto, não viu nuvem de chuva e observou que vários pássaros cantavam. Assim, vendo que realmente era um bom dia, respondeu:
- Bom dia, dona mentira.
- Está muito calor hoje, disse a mentira.
E a verdade, vendo que a mentira falava a verdade, relaxou.
A mentira então convidou verdade para se banharem no rio. Despiu-se, pôs suas vestes de lado, pulou na água e disse:
- Venha dona verdade, a água está uma delícia.
E assim que a verdade, sem duvidar da mentira, tirou suas vestes e mergulhou, a mentira saiu da água, vestiu-se com as roupas da verdade e foi embora.
A verdade, por sua vez, recusou-se a vestir-se com as vestes da mentira e por não ter do que se envergonhar, saiu nua a caminhar pelas ruas.
E aos olhos de outras pessoas, era mais fácil aceitar a mentira vestida de verdade, do que a verdade nua e crua."
Achei que a parábola se ajusta com perfeição aos fundamentos da propalada necessidade de reforma da Previdência Social, um dos três pilares daquilo que a Constituição Federal chama de Seguridade Social (os outros são Saúde e Assistência Social), na qual se empenham com inusitado denodo o senhor Michel Temer, essa figura quase abjeta da vida pública brasileira, e seu governo de compadrios, achaques e negociações espúrias, e à grande imprensa nacional, que, incentivada por generosas verbas de publicidade, dá vazão a grosseiras mentiras travestidas de verdades, a começar pelo déficit fictício, inventado por burocratas mal intencionados, com aplauso e acobertamento do capital financeiro interessado na área previdenciária.
Mas, hoje, não me estenderei na abordagem deste assunto. Tratarei do tema em minha próxima coluna ou, se os ficcionistas do Planalto resolverem deixar a votação da reforma para o próximo ano, quando se aproximar a data da votação.
Hoje, 12 de dezembro, dia no qual, há quase um século colei grau em Ciências Jurídicas e Sociais na UFSM, trinta e quatro anos e um dia depois da primeira façanha, não posso, sob pena de trair minhas emoções mais caras - sou, sobretudo, um homem que se guia pelas emoções -, deixar de falar da imensa expectativa de que construamos o penúltimo degrau de mais uma inenarrável conquista.
Como em 1983, espero poder repetir a emocionada constatação do cosmonauta russo Yuri Alekseievitch Gagarin, primeiro homem a viajar pelo espaço (em 1961), bradando, para os confins do infinito, que a Terra é azul! E assim haverá de ser, até o fim dos tempos!